Como evitar conflitos e fortalecer a parceria entre condomínios e corretores de imóveis

Como evitar conflitos e fortalecer a parceria entre condomínios e corretores de imóveis
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Administrar um condomínio não se resume a manutenção de áreas comuns e a fiscalização do cumprimento das regras internas. Os síndicos desempenham um papel importante ao fornecer informações essenciais sobre o condomínio aos corretores de imóveis durante as negociações de venda ou locação. Quando há uma comunicação clara entre as partes, esse processo se torna mais fluido, beneficiando tanto o comprador ou locatário, quanto o condomínio.

No entanto, essa parceria nem sempre é simples, e muitos conflitos surgem por falta de comunicação e transparência. Em muitos casos, podem surgir problemas para os moradores e dificultar a gestão do condomínio. Corretores de imóveis, ao trazerem novos moradores para o condomínio, precisam estar atentos às condições do imóvel e do condomínio, garantindo que todas as informações relevantes sejam repassadas corretamente. A ausência dessa troca de informações pode causar insatisfações e complicar o trabalho de síndicos e administradores.

Outra questão relevante na relação entre corretores e condomínios é o controle de acesso. A entrada de corretores nas dependências do condomínio, muitas vezes sem uma autorização prévia ou sem verificação adequada, pode gerar preocupações relacionadas à segurança dos moradores. Garantir que o corretor esteja devidamente identificado e autorizado pelo proprietário é uma forma de prevenir problemas de segurança e proteger o condomínio contra possíveis fraudes, reforçando a confiança entre síndicos, administradores e profissionais do mercado imobiliário.

Segundo o síndico profissional José Maciel, um dos maiores desafios enfrentados é a omissão de informações importantes por parte dos corretores. "Alguns corretores trazem os clientes, mostram o apartamento e não falam com o síndico, não se informam sobre o valor do condomínio, se existe alguma taxa extra sendo paga ou quais os problemas que o condomínio tem", afirma. Após a venda da unidade, essa falta de diálogo resulta em situações desconfortáveis para os novos moradores, que muitas vezes descobrem depois que o valor do condomínio é maior do que o informado ou que o imóvel enfrenta problemas estruturais.

José Maciel ainda destaca que, para melhorar essa comunicação, o corretor deveria sempre consultar o síndico antes de mostrar o imóvel ao cliente. "A primeira coisa que deve ser feita ao visitar um imóvel que fica em um condomínio é pedir para chamar o síndico para tirar as dúvidas. Perguntar sobre infiltrações, taxas extras, condições da garagem, entre outros pontos. Mas o que vemos é que muitos corretores nem falam com o síndico", ressalta Maciel.

Diante desses desafios, é fundamental que condomínios e corretores adotem boas práticas que melhorem essa parceria. Algumas dessas práticas incluem:

Clareza e transparência nas informações: Corretores devem ser transparentes com seus clientes em relação às condições do condomínio. Isso inclui valores exatos de taxas, existência de reformas e até problemas estruturais que possam influenciar a decisão de compra ou locação.
Consulta prévia ao síndico ou administrador: Antes de mostrar qualquer unidade para clientes, os corretores deveriam consultar o síndico ou a administradora, verificando todas as informações necessárias para evitar mal-entendidos.
Autorização prévia para entrada de corretores: Muitos condomínios já adotam a regra de que os corretores só podem entrar nas dependências com autorização do proprietário e identificação de corretor, o que garante maior controle e segurança.

Segundo Sérgio Cabral, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Alagoas (Creci/AL), um bom ponto de partida para fortalecer essa relação é garantir que os corretores estejam devidamente identificados ao acessar os condomínios. "Os condomínios devem treinar seus agentes de portaria a exigir do corretor a carteira profissional, que pode ser física ou digital. Além disso, o porteiro pode validar a veracidade do documento pelo QR Code", explica Cabral.

Essa medida simples, segundo ele, não só protege o condomínio de golpes, mas também profissionaliza ainda mais a atuação dos corretores. Outra prática importante apontada por Cabral é a liberação de entrada dos corretores apenas com autorização prévia do proprietário, o que garante que o corretor tenha permissão formal para atuar naquela unidade. "Corretores precisam provar que são corretores de imóveis. E condomínios precisam estar atentos para garantir que essa relação seja pautada pela legalidade e pela ética”, diz o presidente do Creci/AL.

Embora a falta de comunicação seja uma das principais causas de conflito, outros fatores também influenciam a relação entre corretores e condomínios. Por exemplo, há casos em que porteiros ou até mesmo síndicos tentam atuar como corretores, o que, de acordo com o que alerta Sérgio Cabral, é ilegal. "Recebemos algumas denúncias de porteiros e síndicos que querem atuar como corretores. Isso configura exercício ilegal da profissão, e temos trabalhado com medidas educativas para coibir essa prática", afirma.

Ele também reforça que é essencial que funcionários de portaria e limpeza sejam orientados sobre suas funções e a importância de respeitar os limites profissionais. "Porteiro é porteiro, corretor é corretor. As administradoras devem conscientizar seus funcionários sobre isso, para que saibam que, caso queiram atuar como corretores de imóveis, é necessário realizar o curso e se registrar no Creci", completa.

Ao adotar essas práticas e fortalecer a comunicação, corretores e condomínios podem construir parcerias de longo prazo, baseadas em confiança mútua e profissionalismo. Isso não só facilita o processo de venda e locação de unidades, mas também melhora a imagem do condomínio no mercado.